sexta-feira, 18 de julho de 2014

O que importa é misturar-se com Deus







 O QUE IMPORTA É MISTURAR-SE COM DEUS

Em um Planeta chamado Terra, quase nunca ninguém olhava para o chão.
Quando olhavam era para reparar na deselegância do sapato de alguém.
O dito popular alertava:
“O que tu trazes calçado nos pés, reflete o que realmente tu és”.
Mas, Zé engraxate da Terra sempre caminhava olhando para o chão, caminhava olhando sempre para os pés das pessoas.
Ele nunca viu em nenhum calçado deselegância, mas em todos via opulência, via beleza, via realeza., em todos enxergava elegância.
No pó que cobria tanto o cromo Alemão quanto a napa via um dourado, um  lumiar, algo além da poeira e da mera capa.
Zé engraxate engraxava de graça pelo “simples” prazer de ver o pó desgrudar do sapato e grudar na escova.
Zé dava brilho de graça.
Andava de praça em praça e naquele caixote pendurado nas costas que muitos diziam cheirava bosta, levava os resíduos da poeira dos pés dos outros.
Quando chegava em seu barraco pendurado no alto do morro Zé tirava aquele pó e guardava em sacos feitos do forro de antigos travesseiros.
Devido seu “garimpo” diário os sacos estavam todos cheios.
Dia a dia Zé engraxava de graça.
Dia a dia Zé acumulava.
Dava brilho no cromo e na napa.
Acumulava pó que para os outros era nada.
Zé engraxava em troca do pó que embaçava o couro, pois para Zé,  na realidade aquele pó era ouro.
E assim seguiram-se 30 anos engraxando em troca de pó como se fosse vício.
Foi ferido por pedras, internado em hospício e chutado pelos próprios que deu brilho.
Certa madrugada percebeu que o barraco estava dourado e que os sacos reluziam.
De repente uma voz que não se sabe de onde surgiu sugeriu:
“Pegue o pó de ouro e espalhe-o no vento da madrugada’.
Imediatamente, sem apego nenhum, Zé sacudiu seus sacos de ouro um por um.
Neste instante, a escada que a cada manhã declinava um pouco mais abismo abaixo se mostrou sólida, reta, reluzente e diretamente conduzindo à Praça Central.
Será que estava sonhando?
Tudo bem, sonhar também não faz mal.
Zé se levantou sem perceber que estava nu e caminhou pela escada dourada.
Esta, que parecia conduzir à Praça Central, na realidade levava além.
ALÉM DO MUNDO MATERIAL.
Foi então que Zé engraxate se deparou com Deus.
Um cara humilde, despenteado, sem note book nem celular e  trazia nas costas algo familiar.
O que Deus trazia nas costas não era asas e sim uma caixa de engraxar zero quilate.
Tudo indicava que Deus era também engraxate.
Com flanela na mão Deus disse então:
Sente-se meu Irmão deixe-me dar brilho em seus pés.
E flanelando, flanelando, flanelando Deus e José foram se misturando, se misturando, se misturando até virarem um só.
A partir de então não mais existe entre cor e crença nenhuma diferença.
Não importa a profissão, formação ou posses.
O que Importa é dar brilho de graça e recolher pó como se fosse ouro, seja o calçado de napa ou de couro.
Devemos dar brilho e iluminar os breus.
Na realidade, O QUE IMPORTA É MISTURAR-SE COM DEUS.


Jaderson Sérgio. – jadersonsergio@gmail.com